domingo, 29 de maio de 2016

Sentimentos Literários - Maus (Art Spiegelman)

Fala, povo! Estou sumida, mas prometo que volto logo!
Vim dividir com você os Sentimentos Literários de um livro muito especial!
Precisei lê-lo para fazer um debate do Clube Literário Palavras ao Vento na 4º Feira Literária de Valença, que começa no dia 02/06 e vai até o dia 05/06.
O debate será dia 04/06 às 20:00. Estão todos convidados!
Para quem quiser ficar de olho na programação da #FLIVA2016, Clique Aqui!

Mas vamos falar de Maus agora!
Confesso que fiquei bem abalada com a leitura.
Por mais que eu esteja tentando não me envolver tanto com as coisas que leio, esta foi inevitável!
Primeiro porque não era uma ficção, depois porque não era uma biografia convencional e por fim porque tratava do Holocausto. 
Terminei a leitura e fiquei alguns dias ainda sentindo aquele mundo sombrio dentro de mim!
Enfim... foi o terror retratado pelos quadrinhos!
Fiquem com a resenha:



A Edição “História Completa” de Maus, foi lançada em 2013 pela Companhia das Letras, mas a HQ teve sua primeira parte publicada em 1986 e a segunda em 1991.
Vencedor do Prêmio Pulitzer, trata-se de um clássico contemporâneo das Histórias em Quadrinhos. Maus nos traz a história dentro da história, onde o autor Art Spiegelman nos apresenta todo o processo de desenvolvimento da escrita da história real de seu pai Vladek, um judeu sobrevivente do horror da Segunda Guerra Mundial. Retratando uma convivência cheia de traumas e culpas, o autor usa a arte em quadrinhos para nos mostrar algo que seria insuportável se se apresentasse de outra maneira.
Representar as diferentes nacionalidades através de animais, também foi uma forma de promover um distanciamento entre a história e o leitor. O relacionamento delicado entre pai e filho é marcado pelas manias insuportáveis de Vladek, que só sobreviveu graças a sua habilidade de negociação, sua cautela e paciência nos momentos mais sombrios. 
Como se não bastasse enfrentar Auschwitz, Vladek ainda perdeu um filho de 6 anos na guerra e Anja, seu grande amor, mãe de Art, que não conseguiu superar seus medos e traumas e já sendo vítima de uma depressão antes da guerra começar, acaba por se suicidar em maio de 1968, quando Art tinha seus 20 anos. 


Enquanto Vladek demostra ser um idoso metódico, pragmático, pão-duro, racista e completamente afetado pela guerra, Art demonstra ser um homem impaciente que carrega a culpa por ter sido fruto de um pós-guerra e não ter vivido o horror que seus pais e seu irmão falecido viveram. Além disso, parece carregar uma certa revolta pela fraqueza de sua mãe. 
O pai do autor descreve cenas brutais com absoluta naturalidade. Cenas como judeus sendo arremessados contra a parede para pararem de reclamar, alimentar-se de madeira para driblar a fome, trens com corpos empilhados misturados com vivos que esperam o mesmo fim... em alguns momentos algumas cenas podem nos causar tanto desconforto que acabamos por interromper a leitura.


Vladek descreve como eram as câmaras de gás, um episódio bem peculiar que dificilmente algum judeu sobreviveu para contar, mas que ele explica ter desmontado tudo a mando dos Alemães que começavam a se apavorar com a possível da aproximação dos Russos. 
Por mais que pareça que o Art tentou criar uma atmosfera neutra para que a leitura se torne suportável, ficamos extremamente sensibilizados! Vemos que apesar de sobreviverem fisicamente a todas aquelas atrocidades, emocionalmente nem Anja, nem Vladek saíram dos campos de concentração. Trata-se de uma família que definhou mesmo após o horror ter terminado. O amor não foi antídoto suficiente para que aqueles seres humanos continuassem se enxergando como seres humanos. Perderam a fé na sua própria raça, não viam mais humanos por baixo das fardas que os torturavam. Não se reconheciam como humanos, passaram a se ver como ratos. Enfim, eram todos animais. 

P.S.: Apesar das diversas interpretações que podemos encontrar, o título Maus foi escolhido porque significa Mouse em Alemão. Além disso, os Nazistas representavam os judeus como ratos. 

A ideia de falar sobre esse livro na Feira Literária de Valença, veio de um vídeo que achei no youtube e mais tarde, descobrir ser de um Canal de uma menina da minha cidade.
Adorei o canal e trouxe ele pra vocês conhecerem também.