sábado, 23 de janeiro de 2016

Amor Amargo (Jennifer Brown)


Ano: 2015 / Páginas: 256
Idioma: português 
Editora: Gutenberg

“Amedrontada demais para correr. Pasma demais para continuar de pé. Machucada demais para ser corajosa.”

Perturbador! Se pudesse usar uma palavra para descrever esse livro, essa seria a palavra. 
Alexandra é uma garota que se sente com um buraco no peito deixado por sua mãe que morreu em um acidente de carro. 
Seu pai se transformou em um homem distante e frio. Suas irmãs se saíram melhor do que ela e lidam muito melhor com a falta que a mãe faz. 
O universo de Alex sempre foi fazer poesias e se dedicar ao plano de ir para o Colorado depois que se formar para tentar descobrir por que sua mãe havia tentado ir para lá antes de morrer. 
Seus amigos de infância Bethany e Zach sempre estiveram envolvidos no planejamento da viagem. Os três iriam para o Colorado em busca desse pedaço que faltava em Alex. 
Logo descobrimos o quanto a relação dos 3 amigos é intensa e especial!
Para conseguir juntar dinheiro para a viagem, Alex precisa trabalhar em uma lanchonete. Sua gerente Geórgia transforma-se em uma segunda mãe para a menina.
Essa é a vida de Alex: Colégio, Trabalho, Viagem para o Colorado, Beth e Zach, Célia (a irmã mais nova mimada), seu pai distante (que nunca termina uma frase) e poesias.
Tudo parecia sob controle até Colin surgir em sua vida. 
O romance entre os dois parece lindo e perfeito, pequenos sinais apontam para um possível relacionamento abusivo, mas Alex não percebe nenhum deles, já que sua carência não permite que ela entenda o que está acontecendo.
Colin aparece em todos os lugares onde a menina está e ela fica cada vez mais apaixonada por ser tão bajulada! Ele demonstra ciúmes do relacionamento dela com Zach, mas ela acha fofo! Ele diz que ela PODE escolher onde se sentar! E nem quando as agressões começam, Alex consegue enxergar a possibilidade de se afastar de Colin. 
De um romance delicioso, partimos para um mergulho psicológico desconfortável, capaz de fazer nosso coração gelar, nos deixando com uma angústia alucinante!
E então o livro se torna perturbador! 
Alex não consegue se desapegar dessa relação tóxica e perigosa, ao contrário, ela sempre encontra justificativas para o comportamento abusivo de Colin, pensando que a culpa é sempre dela, achando que desta vez ele vai cumprir a promessa de nunca mais machucá-la.
O leitor passa a fazer parte da história, dividindo os sentimentos e as aflições com Alex e entendendo sua postura apesar da revolta que nos acomete. 
Em uma sociedade de julgamentos onde todos nós achamos que nunca agiremos como fulano, passamos a compreender porque a violência doméstica é tão comum! Para um contexto de abandono, de alguém que se sente vazio ou desprovido de autoestima, um amor doentio e sufocante parece um prato cheio. A carência pode nos colocar como vítimas daqueles que encontram na dominação uma forma de se sentirem vivos. 
Milhares de mulheres são reféns de relacionamentos abusivos e com certeza nenhuma delas sonhou com isso. A agressão começa com as cordas emocionais que nos deixa amarrados em um relacionamento com pessoas manipuladoras e cruéis. 
Um livro extremamente realista, envolvente e absolutamente recomendável!



sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

O Potencial no Processo de Criação.


De acordo com o que Fayga Ostrower defende em seu livro “Criatividade e Processo de Criação”, a arte de criar é a habilidade de relacionar/ordenar/significar. 
A partir disso, podemos buscar dispositivos internos que facilitem nossa criatividade. 
Vou dividir com vocês o que aprendi com as minhas pesquisas.

Nossa habilidade de criar está a todo vapor 24 horas por dia. Ela está na nossa aptidão em resolver problemas, decidir, nos expressar... 
Buscar soluções necessita da nossa capacidade de criar hipóteses. 
Escrever, falar, nos expressar, necessitam da nossa capacidade em relacionar o símbolo com significado, para que linguagem se dê com sucesso transmitindo nossos pensamentos. 

Tudo começa com a nossa sensibilidade. Todos os estímulos produzem sensações e as sensações produzem as percepções. 
As percepções ligam os fenômenos a nós mesmos em busca de algum significado. A partir dessa busca, encontramos a necessidade de criar, comunicando aos outros seres humanos o sentido das formas ordenadas
Assim, entendemos que o homem é um sujeito criador.


Intuição:
Consciência, sensibilidade e cultura se comunicam e orientam nossa intuição. 
O processo de criação obedece a nossa habilidade de intuir. O ser humano vai aprendendo a antecipar situações mentalmente de acordo com que aumenta seu grau de autoconhecimento, antevendo problemas e soluções, interligando hipóteses que dirigem nosso agir físico.

Cultura e Sociedade:
Todos nós nascemos em um mundo cultural. Nosso berço é banhado por tradições. Convivendo, observando e absorvendo esses legados, nossa sensibilidade e nossa consciência vão sendo guiadas e vamos aprendendo a imaginar. 

Criar é um processo introspectivo, ou seja, solitário. Porém, a convivência em sociedade é nossa matéria prima para exercitarmos essa habilidade.
A sensibilidade depende do autoconhecimento, mas só conhecemos a nós mesmos quando somos colocados em diversas situações que exigem nossa interação com o mundo. Ela é convertida em criatividade quando liga-se em alguma atividade social significativa

Afetividade:
A associação entre sentimentos íntimos (tristeza, medo, alegria...) e experiências anteriores guiam nossa busca pelo sentido das coisas. Geramos hipóteses e nos transportamos para o mundo da imaginação quando precisamos buscar na memória o contexto dos fatos, ou seja, cada vez que relembramos, criamos novas situações e é a afetividade que fica responsável por esse mecanismo. 

Falar:
Lev Vygotsky já defendia a ideia de que a linguagem é a ponte do homem com o mundo. Para o sócio-interacionista, o desenvolvimento cognitivo dos indivíduos necessita da interação com o meio em que está inserido, absorvendo e modificando a cultura.
É através da linguagem que construímos nosso pensamento, já que, antes de utilizá-la com o meio social, a utilizamos intimamente. Para ele, a linguagem verbal auxilia nossa organização da realidade. 
Mesmo no período sensório-motor, a criança já faz uso da linguagem. O riso e choro, por exemplo, servem de comunicação com o meio social.
Após essa etapa, por volta dos 2 anos, o pensamento torna-se verbal e usamos as palavras para representá-lo. 
Nossos discursos são carregados de valores que representam nossa consciência, ou seja, as palavras traduzem o conhecimento que acumulamos do mundo.
Quando nomeamos as coisas, precisamos evocar seus significados. Precisamos buscar quais são as ideias que as palavras simbolizam, comunicando-as com nossos sentimentos, isto é, com a nossa consciência. 

Assim, podemos afirmar que os seres humanos transferem sua consciência para o universo físico através da arte, linguagem, religião e cultura, da mesma forma que necessita converter esse universo físico em um universo simbólico que constitui sua consciência. 
Desta forma, o refinamento da sua habilidade de criar se dá de acordo com que adquirimos o autoconhecimento, com nossa interação com o mundo e com a cultura. 
O potencial criador está intrínseco em todos nós. Se existimos, criamos. Mas é preciso exercitar nossa sensibilidade e nossa percepção através de mecanismos sociais para que possamos usar nossa criatividade não apenas em situações do cotidiano, mas também para convertermos universo físico em universo simbólico, ou universo simbólico em universo físico. 

Concluindo:
Sensibilidade, Percepção e a sociedade são os disparadores do nosso potencial criativo. 
Fica a dica para todos os artistas. 



E os bloqueios criativos? 
Alguém acredita já ter vivido isso? 
Sabia que eles acontecem por causa de uma tensão psíquica? 
Vamos falar sobre isso em um outro papo.
Até a próxima!
Beijos Coloridos da Pit! 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

A Rainha da Neve (Michael Cunninghan)

"Cidadãos do século 21 podem multiplicar seus cartões de crédito, podem aumentar seus limites, mas destruição de verdade, morte por extravagância, já não é possível. Dá-se um jeito com a empresa do cartão de crédito. Sempre se pode, caso chegue a esse ponto, declarar falência e começar de novo. Ninguém vai tomar uma dose de cianeto por causa de um par de botas de motociclista equivocadamente comprado.

É confortador, claro que sim, mas também, de alguma forma, desencorajador viver num sistema que não permite a autodestruição."



Ano: 2015 / Páginas: 252
Idioma: português 
Editora: Bertrand Brasil

Ano passado, assisti a uma entrevista do autor divulgando o livro no Globo News Literatura e fiquei muito interessada em conhecer a obra, mas fui adiando a leitura! Quando o blog Estante Insólita o elegeu como a melhor leitura do ano, fiquei ainda mais interessada e decidi passá-lo na frente de outros livros da minha pequena listinha infinita! 
Quem quiser ver a resenha do Estante Insólita, clique aqui

Em homenagem ao conto de Hans Christian Andersen, mas passando longe de fazer uma adaptação deste, o autor Michael Cunninghan brinca com o título Rainha da Neve para apontar para os dois personagens principais desta história. 
A palavra "Queen" (ou rainha) é usado ofensivamente para chamar alguém de gay, enquanto "Snow" (ou neve) também é um termo para se falar de cocaína. Assim, vemos Barret e Tayler sendo apresentados para os leitores logo no título do livro. O primeiro é gay e o segundo viciado em cocaína.
O cenário se apresenta em uma Nova Iorque invernal, onde a neve predomina. A narrativa fica por conta de um narrador mais emotivo, capaz de destacar os pensamentos dos personagens de forma levemente passional. 
Nossos personagens principais são dois irmãos que, diferentemente do que se espera de moradores de NY, são homens decadentes e conformados com a vida que levam. Logo percebemos os extremos que o autor quis nos apresentar. Em uma cidade onde espera-se que todos sejam felizes e bem sucedidos, não apenas os irmãos fogem à regra, mas também Beth (noiva de Tayler) e Liz (chefe de Barret).

Barret está desiludido amorosamente e conformado por ser um vendedor de roupas na loja de Liz e de morar na casa de seu irmão com a noiva dele. Ele passeia pelo Central Park quando uma luz misteriosa aparece no céu. Depois disso, Barret fica muito intrigado e pensa que tal experiência foi sobrenatural. 
Beth está com câncer terminal e Tayler, que é um músico, trabalha duro para fazer uma música para ela. Eles se casarão em breve e o noivo dedica seus dias para cuidar de Beth.
Liz é uma mulher madura que adora se relacionar com homens mais jovens, porém, prefere não se aprofundar nessas relações. 

"Vivo agora num mundo além da consequência ou da lógica; não faço mais o que é preciso, faço o que consigo fazer, e nessas ocasiões parabéns são sempre bem-vindos."

Algumas críticas apontaram o livro como algo dispensável, defendendo a ideia de que o autor contou uma história superficial. Não concordo! 
A história é muito bem escrita e a apresentação dos personagens combinam muito bem com o objetivo que o romance pretende alcançar. Admito que fiquei um pouco frustrada ao passar das páginas, porque inicialmente o romance promete ser algo muito impactante, mas aos poucos você vai percebendo que nada de extraordinário irá acontecer. 
Contudo, aos poucos vamos entendendo a função dessa história. 
Apesar de Beth estar morrendo de câncer, ela não se torna uma pessoa divina e iluminada, continuando a ser exatamente um ser humano repleto de inquietudes e dúvidas. 
O viciado que conhecemos, não trata-se de um homem violento e descontrolado, Tayler é um homem comum e dedicado que apesar de parecer estar cuidando de Beth apenas para demonstrar seu amor, nos mostra que isso atende aos seus interesses pessoais, pois faz com que ele se sinta útil apesar de sua vida tão normal!
Barret é gay. E apenas isso! Sente tesão, apaixona-se e se frustra como qualquer outra pessoa, nos mostrando assim, que gay ou heterossexual, o ser humano está sempre buscando alguém para compartilhar suas trivialidades. A relação de todos os personagens demonstra ser profunda apesar de ser apresentada de forma muito natural. 
Através dessas características muito bem apresentadas, percebemos que todos nós temos a necessidade de nos sentirmos especiais, todos nós corremos o risco de nos acomodar mesmo quando tudo a nossa volta parece ser um oceano de possibilidades, todos estamos em busca do amor, todos estamos em busca de algo que nem sempre conseguimos identificar o que seja. 
O autor de “As Horas” foi no mínimo ousado em nos mostrar que, às vezes, o que temos de extraordinário está exatamente na habilidade que temos em lidarmos com as situações que a vida nos apresenta. Não somos heroicos, nem somos personagens de um conto de fadas em que tudo se acerta no final, somos apenas pessoas tentando sobreviver, buscando por um lugar que nos caiba e tentando voar de acordo com o tamanho de nossas asas, ou de nossa vontade de fazê-lo. 

"E existe, provavelmente, algo terrível, mas tranquilizador, na certeza do fracasso, não? Dificilmente alguém se torna um grande músico. Ninguém pode entrar no corpo de um ente querido e arrancar dele o câncer. No primeiro caso, a gente se culpa. No segundo não temos nada a dizer."

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Dogville (Lars Von Trier)


"Por que um homem que ama a luz, usa essas cortinas pesadas?"


Lançado em Janeiro de 2014, dirigido por Lars Von Trier e estrelado por Nicole Kidman, trata-se de um filme que usa o teatro filmado como cenário. O chão é negro e os ambientes são demarcados com giz. Os atores fingem abrir portas e o fundo é infinito, sendo usado o recurso de luzes para fazerem os efeitos esperados em cada cena. O direto usa ainda alguns recursos do movimento cinematográfico Dogma 95, lançado em 1995 na Dinamarca pelo próprio diretor em coautoria com Thomas Vinterberg. Um dos recursos, foi o jogo de câmera que foi controlado pelo próprio Lars. O resultado de toda essa ousadia, foi de um filme que valoriza o trabalho dos atores, destacando assim, suas emoções e nos mostrando que a grandiosidade de uma obra pode estar na simplicidade que armazena inúmeros nutrientes para nossa mente, ultrapassando os prazeres imediatos causados pelos apelos visuais. 













O filme possui 2h e 57min de duração e é dividido em 9 parte e um prólogo. Estamos sempre na companhia de um narrador que descreve cada núcleo e nos apresenta cada personagem. Trata-se uma cidade fracassada dos Estados Unidos nos anos 30, onde a miséria impera transformando seus moradores em derrotados. Não vemos as montanhas que os personagens veem, não vemos estradas nem paisagens, assim, percebemos que os limites dos moradores são os limites da caixinha de fósforo que é Dogville. 
É muito fácil se ver em Dogville quando se mora em uma cidade do interior. O universo dos moradores é limitado e marcado por fofocas e preconceitos sustentados pelas éticas que a sociedade define sem encarar as necessidades individuais dos seres humanos. 
Tom é um escritor/filósofo que acredita ter a função de motivar seus habitantes a evoluírem moralmente. Suas éticas são transformadoras e demonstram ser eficazes na teoria que ele desenvolveu de acordo com o que viu em seu universo particular. 
Grace aparece na cidade tentando se esconder, porque afirma estar sendo perseguida por gangsteres e essa mulher pode ser a oportunidade que Tom precisava para mostrar aos moradores que a miséria não esvaziou seus corações e que eles são altruístas o suficiente para darem à Grace a chance de ficar entre eles. 
A mulher tem 2 semanas para conquistar os moradores da cidade e sua primeira tentativa é de se mostrar útil. Logo ela se oferece para ajudar a cada um deles, que inicialmente não veem nenhum trabalho que Grace possa fazer. Então, ela começa a ajuda-los em afazeres que não são essenciais. 
Com o tempo, depois de ser aceita entre os moradores que a veem como uma luz para Dogville, Grace já é até paga pelos seus serviços que agora passam a ser indispensáveis! Mas com o tempo, os moradores vão exigindo cada vez mais dela e aos poucos ela vai se tornando uma escrava. 
Ninguém é mais amigável. Grace é estuprada por quase todos homens de Dogville que passam a ameaça-la. Tom está apaixonado e é o único que ainda não teve relações sexuais com ela e fica desesperado tentando ajuda-la. 
Nada do que está acontecendo é dito, a sociedade prefere fingir que não vê para manter sua moral sustentada. O poder sobe à cabeça daqueles que não tinham nada, mas agora tem a quem diminuir. Até as crianças rendem-se aos seus instintos de crueldade. 














O filme deixa à mostra todas as nossas fragilidades! Entendemos que realmente se quisermos testar nossas éticas e nossa integridade, devemos fazê-lo quando tivermos o poder em nossas mãos.
Com um final revelador e fascinante, a última parte diz tudo o que o filme inteiro quis nos mostrar, mas nada daquilo faria tanto sentido se não estivéssemos acompanhando a decadência daqueles moradores e de sua humanidade. 
Ou teria sido apenas as garras dessa humanidade que foram postas à mostra? 





Fontes:
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-28927/#
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dogma_95
http://www.laprev.ufscar.br/sinopse-filmes/dogville

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Conhecendo Harry - Parte 1

"Não faz bem viver sonhando e se esquecer de viver, lembre-se!"




Quem aí nunca assistiu a nenhum filme do Harry Potter? Onde você estava, Alien? Provavelmente no mesmo lugar que eu. Sim, eu nunca assisti nenhum filme Harry Potter e até dezembro de 2015 não tinha lido nenhum livro. Fugi de Spoilers o máximo que pude, de alguns, não consegui. Mas nada poderia me preparar o que encontraria na narrativa fatal de J.K Rowling. 
O prazo para ler todos os livros era até o mesmo dezembro de 2015, porém, não foi possível cumprir a minha meta durante o ano e para tentar me desculpar comigo mesma, faltando alguns minutos para o fim do segundo tempo, consegui ler pelo menos o primeiro livro que foi terminado no último dia do ano. 
Sempre me perguntei o porquê do sucesso estrondoso da obra. Conheci o trabalho da autora através de Morte Súbita, um livro grande e complicado direcionado para o universo adulto. Dizem que por isso, foi necessário que a autora criasse um pseudônimo para escrever o segundo livro direcionado a adultos. Em O Chamado do Cuco, ela usa o nome de Robert Galbraith, já que os leitores torceram o nariz para Morte Súbita e comparações descabidas foram feitas com Harry Potter, mas logo seu pseudônimo foi descoberto.
Foi uma boa escolha ter conhecido J.K pelo Morte Súbita, assim, fugi das comparações e das expectativas e puder me deleitar em uma obra incrível sem abandoná-la nos momentos mais difíceis. É preciso insistência para conhecer essa história tão impactante!
Quando comecei a ler Harry Potter e a Pedra Filosofal, logo me deparei com a mesma J.K de Morte Súbita, um narrador imparcial, focado e detalhista, com uma linguagem realista e fácil sem que seja necessário zombar de nossa inteligência. 
Harry é um menino bruxo que perde os pais de forma misteriosa e cresce na casa dos tios que não contam sobre suas origens mágicas e maltratam Harry o tempo inteiro. Os Dursley são cruéis, mesquinhos, invejosos e tratam seu filho Duda, da maneira mais ridícula que se pode criar uma criança, transformando-o em um menino fútil, malvado e mimado. 
Quando Harry recebe a carta de Hogwarts, sua origem é revelada e ele parte para a Escola de Bruxaria onde conhece seus melhores amigos, Rony e Hermione. 
Em “... e a Pedra Filosofal”, os 3 precisam proteger a Pedra de uma força das trevas e assim, eles vivem grandes aventuras.  
De cara percebemos que a autora tem essa mensagem de denúncia das mazelas humanas. Diferenças sociais, maus tratos, família, amizade e honra são assuntos que permeiam a obra e está sempre nos lembrando que nossa grandeza pode estar nas coisas mais simples que temos. O amor é apontado como uma marca que podemos carregar para sempre, nos conduzindo por um caminho, nem sempre fácil, mas muito mais feliz. 
A forma como a autora aborda o universo escolar, também foi muito inovadora. Todos os alunos sentem-se muito gratos por poderem estar onde estão e dedicam-se com fervor para aprenderem o máximo que puderem e nada disso os priva de viver grandes aventuras.
Mesmo ainda no início da saga, chego à conclusão de que o sucesso da obra se deu por causa da sensibilidade da autora que usou uma linguagem tão diferente para dialogar com crianças! Ela não infantiliza sua linguagem e se comunica com o leitor de forma muito respeitosa! Provavelmente por isso, o livro foi o grande divisor de águas no mundo literário, principalmente infantil, que lançado em junho de 1997 ganhou o público de forma tão fiel e marcante! 
Vale lembrar que os últimos 4 livros da saga foram os livros mais vendidos da história. O último vendeu 11 milhões de cópias nos Estados Unidos nas primeiras 24 horas de seu lançamento. 
Ainda estou no início do segundo livro que promete ser bem mais enigmático e misterioso. E tudo o que consigo me perguntar é: Como pude viver todos esses anos sem conhecer Harry?

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Renúncias



Eu renuncio as relações nocivas e me mantenho fiel àquelas que sabem se doar!
Renuncio as pessoas que não se auto lapidam e serei fiel aos que veem nas relações a chance de se melhorar!
Eu renuncio os falsos amores, pois entendo que nem toda a demonstração de afeto é amor verdadeiro, pode ser apenas um disfarce para o apego, para admiração ou para sentimentos destrutivos. 
Eu renuncio as relações que desestabilizam e serei fiel as que somam e às pessoas que batalham comigo no aperfeiçoamento de minhas estruturas humanas e na reconstrução delas se preciso for, depois de alguns testes da vida.
Renuncio os laços que apertam tanto que asfixiam o que tenho de melhor.
Só quero ser fiel a quem me move e renunciar aos que me paralisam.
Quero dividir meus dias com pessoas que sonham comigo e que têm coragem de lutar por esses sonhos!
Renuncio a tudo aquilo que me impede de dizer não porque envelhece minha alma. A gente vai se distanciando da juventude quando percebe que perdeu essa habilidade! 
E enquanto o otimismo do novo ano pede que as pessoas estabeleçam pontes, eu estabeleço a meta de aprender a derrubá-las. Eu não quero mais estar onde me impeçam de crescer, onde não contribuam para isso!
Não dá mais tempo de apenas me doar, o relógio está fazendo tique-taque e ainda preciso aprender muito! Por isso, preciso aprender a renunciar ao que ultrapassa os limites e invade aquele lugar em que minha paz está sendo construída!
Creio que chegamos a certa altura da vida em que nada mais vale a pena se não pudermos arrancar um pouco e carregarmos com a gente! Sim! Talvez seja puro egoísmo! Mas desculpe, baby! Não posso mais ser apenas aquela que te acrescenta e acaba se diminuindo. 
As relações existem para que ambas as vias estejam livres para ir e vir! Tem que ter troca para que ninguém fique no prejuízo. 
E assim, não me resta muito tempo para ler livros ruins ou assistir a filmes chatos! Não me resta mais tempo para manter pontes que podem me desorientar, por isso estou destruindo todas aquelas que me levam para as sombras. Eu não tenho mais tempo para compartilhar com pessoas que têm preguiça de serem felizes, porque eu tenho pressa, eu tenho sede e fome de viver! 
Estou trancando portas, estabelecendo limites, me livrando do apego e renunciando... esse é meu pedido de ano novo! E que fique apenas o aprendizado, e que minhas marcas possam ser convertidas em sabedoria! Porque há coisas que eu não quero mais!!!!
Pit Larah