Dorothy vivia no Kansas em sua vida era cinza demais! Um dia, um ciclone carrega sua casa e a menina vai parar na Terra de Oz no País de Munchkins, onde é recebida com muita alegria, pois sua casa caiu em cima da Bruxa Má do Leste, uma bruxa que mantinha aquele povo escravizado.
Mas Dorothy quer encontrar uma forma de voltar para o Kansas e ela precisa ir para a Cidade das Esmeraldas encontrar O Mágico de Oz, para pedir ajuda. Já que trata-se de um mágico muito poderoso, acredita-se que apenas ele poderá levar a garota para o seu lar.
Enquanto segue a estrada de tijolos amarelos para chegar na Cidade das Esmeraldas, Dorothy conhece alguns amigos que decidem fazer a viagem com ela e assim, pedirem para que o Mágico realize seus desejos também.
O primeiro que ela encontra é o Espantalho e seu maior desejo é ter um cérebro. Depois, ela conhece o Lenhador de Lata e seu maior sonho é ter um coração. O Leão que eles encontram, quer ter coragem, porque considera-se um covarde.
Durante a viagem, eles ficam muito amigos e encontram diversos obstáculos. Juntos conseguem chegar até a Cidade das Esmeraldas e precisam colocar um óculos com lentes verdes para poderem entrar.
Quando encontram o Mágico, ele diz que só realizará seus desejos se eles matarem a Bruxa Má do Oeste e mais uma vez os amigos enfrentam diversas aventuras para conseguirem ter seus desejos realizados!
O livro de L. Frank Baum, foi publicado em agosto de 1900 e apesar de o autor dizer na introdução que “a história do O Mágico de Oz foi escrita apenas para o prazer das crianças de hoje”, conseguimos enxergar significados que ultrapassam o entretenimento infantil.
A história tem algumas passagens inadequadas para a educação infantil de hoje. Em alguns momentos, parece ser um pouco violento, como a bruxa que com seu feitiço fez o machado do Lenhador de lata decepar todas as partes do seu corpo, assassinatos de bruxas e cabeças sendo separadas do corpo... e ainda, encontramos frases que parecem estar falando de uma coisa, quando na realidade, entendemos de outra maneira!
O Mágico de Oz é uma alegoria que trata do populismo e sobre o novo momento financeiro dos Estados Unidos naquela época. É uma leitura profunda que mexe com nossa consciência política e nossos valores como cidadãos, mas não sinto-me com competência para falar sobre esse assunto, por isso, vou aprofundar-me nos sentimentos que foram despertados com essa leitura.
Os tons de cinza descritos sobre o Kansas, demonstram como a vida de Dorothy era pacata e monótona, e as cores descritas no País de Oz, nos mostra que para nossa vida ser colorida, às vezes, precisamos mudar. Precisamos enfrentar os obstáculos que aparecem em nossas vidas, sem nos sentirmos vítimas dela. A vida vai nos presentear com amigos que nos ajudarão em nossa jornada!
Seremos sempre reféns das indecisões e da guerra entre razão e emoção, mas não devemos separar nossa mente do nosso corpo, precisamos nos enxergar como um todo, para assim, encontrarmos o equilíbrio e forças para continuarmos nossa caminhada!
A coragem não é a ausência do medo, mas sua superação. E talvez, tudo o que passamos uma vida inteira buscando, nós já possuímos.
Em certos momentos, seremos enganados e as pessoas usarão recursos para nos manter alienados! E quando entendemos o poder que temos, nada pode nos limitar. Poderemos ir para qualquer lugar e sermos quem quisermos, porque nós somos capazes de muito mais do que pensamos. É preciso saber a maneira certa de usarmos as ferramentas que temos, cérebro, coração e coragem podem ser amigos e precisam estar em sintonia.
Pessoas entrarão e sairão de nossas vidas, mas elas sempre deixarão pedaços delas dentro da gente! Boas vindas e despedidas fazem parte dessa estrada de tijolos amarelos que chamamos de vida! Nem sempre ela será linda e perfeita, terá algumas imperfeições que poderão nos derrubar se não soubermos usar a razão. Os obstáculos podem interromper essa caminhada se não tivermos coragem de arriscar e se não pudermos ajudar os que estão a nossa volta.
Quando eu era criança, encenei o espetáculo “O Mágico de Oz” e minha maior frustração era que eu não poderia ser o “Lenhador de Lata”. As pessoas me perguntavam por que eu não estava triste por não ser a Dorothy, e eu não sabia responder.
Hoje, eu só tenho gratidão por poder mergulhar nessa aventura que é muito mais do que uma história de criança. E posso responder por que eu gostaria de ser o “Lenhador de Lata”. Porque por mais que a vida seja cinza ou a estrada seja desregulada, eu quero me manter sensível durante o percurso. Quero enxergar as delicadezas do mundo e ver a poesia que ele produz. Quero me manter fiel aos meus sentimentos e respeitar o mundo a minha volta! Eu quero ter um coração para me guiar e para não permitir que a vida me endureça nem em enferruje.
Quotes
“Mas a Terra de Oz nunca foi civilizada, porque vivemos separados do resto do mundo. E é por isso que ainda temos bruxas, feiticeiros e magos.” (p.26)
“...pois se ver no meio de tanta gente estranha a fazia sentir-se muito só.” (p.28)
“Dorothy não sabia o que fazer, porque todo mundo parecia achar que era mesmo uma feiticeira, enquanto ela sabia perfeitamente que era só uma garota comum que, por acaso, um ciclone havia carregado para uma terra estranha.” (p.35)
“— Por mais que as nossas casas sejam tristes e cinzentas, nós, as pessoas de carne e osso, preferimos viver nelas do que em qualquer outro lugar, mesmo o mais lindo do mundo. Não existe lugar igual à casa da gente.” (p.43)
“Um bom cérebro é a única coisa que vale a pena ter nesse mundo, tanto para os homens quanto para os corvos.” (p.46)
“Deve ser meio incômodo ser feito de carne — disse o Espantalho, pensativo. — Porque a pessoa precisa dormir, comer e beber. Por outro lado, tem um cérebro, e poder pensar direito bem que vale todo o trabalho.” (p.49)
“— Mas no fim das contas não é o cérebro a melhor coisa do mundo.
— Você tem miolos? — perguntou o Espantalho.
— Não, minha cabeça é vazia — respondeu o Lenhador de Lata. — Mas antigamente eu tinha um cérebro, e também um coração. Como experimentei os dois, prefiro ter um coração.” (p.54)
“— vou pedir um cérebro em vez de um coração. Porque um burro, mesmo se tivesse um coração, não ia saber o que fazer com ele.
— E eu vou ficar com o coração — respondeu o Lenhador de Lata. — Porque um cérebro não faz ninguém, feliz, e a felicidade é a melhor coisa do mundo.” (p.58)
“— Sempre achei que eu era um animal grande e assustador. Mesmo assim, coisinhas tão miúdas como essas flores quase acabaram comigo, e bichinhos pequeninos como os ratos salvaram a minha vida. Como a vida é estranha!” (p.96)
“— Sou Oz, Grande e Terrível.
...
— Sou Dorothy, Pequena e Humilde. (p.112)
“— Sou um lenhador, e feito de lata. Por isso eu não tenho coração, e não sou capaz de amar. Peço que me dê um coração para eu poder ser como os outros homens.” (p.119)
“Ainda posso transformar essa menina em escrava, porque ela não sabe como usar o seu poder.” (p.134)
“—Se eu não consigo prender você aos arreios, pelo menos posso deixá-lo morrer de fome. Você não vai ganhar nada para comer até aceitar fazer o que eu quero.” (p.135)
“Estou em toda parte — respondeu a voz. — Mas sou invisível aos olhos dos mortais. Agora vou me instalar no meu trono, para que vocês possam conversar comigo.” (p.160)
“A experiência é a única coisa que traz conhecimento, e quanto mais tempo você passa na terra, mais experiência você acumula.” (p.169)
“— Ora, acho um engano você querer um coração. Ele só traz infelicidade para a maioria das pessoas. Se você soubesse como tem sorte por não possuir um coração...
— Deve ser questão de opinião. — disse o Lenhador de Lata. — Por mim, eu aceitaria suportar toda essa infelicidade sem dar um pio, se você me desse um coração.” (p.170)
“Não está vendo que são estrangeiros, e precisam ser tratados com respeito?
—Bom, pois era respeito, só que do meu jeito!” (p.202)
“Não adianta lutar contra pessoas com cabeças que atacam assim, pois ninguém pode enfrentá-las.” (p.212)
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