domingo, 13 de março de 2016

Sentimentos Literários - Um Amor de Muitos Verões (Ana Faria)

“Todavia, como a primavera chega trazendo vida a uma floresta inteira, despertando animais e plantas, sons, cores, movimentos, assim também acontecia com ele naquele momento. Ao ver aquela mulher novamente, o amor que sempre sentiu por ela, desde o primeiro verão que passaram juntos, o mesmo amor da juventude, embora mais apurado e intenso, explodia no peito de Guilherme.” (p.90)


Um Amor de Muitos Verões chega nos cobrindo de nostalgia e delicadeza. A rapidez com que o livro foi devorado não foi nenhuma surpresa! Após ter conhecido outras obras da autora, eu já esperava que essa leitura seria rápida, fácil, delicada e capaz de me despertar os sentimentos mais puros possíveis. 
Trata-se da história de Silvia que em janeiro de 2001 conhece Guilherme durante suas férias de verão em Arraial do Cabo. A mineirinha era uma menina doce que se apaixonou pelo sedutor Guilherme. Ele ostenta uma figura de garoto descolado, mas trata-se de um menino trabalhador, que ajuda o pai trabalhando no quiosque à beira da praia. 
Os dois formam um lindo casal! São cúmplices e carinhosos, o que nos mostra que além de apaixonados, eles se tornam grandes amigos.
O relacionamento precisa enfrentar o decorrer do ano letivo, até que Silvia volte no próximo verão. E assim acontece. A cada reencontro, uma explosão de sentimentos! Sentimentos esses que aumentam e se fortificam apesar da dificuldade em resistir. 
Após 12 anos sem encontrar Guilherme, Silvia retorna para Arraial do Cabo em busca de uma cura. Com o coração despedaçado depois de um divórcio, ela tenta reencontrar a si mesma durante a viagem. Mas logo Silvia reencontra Guilherme e apesar do coração amargurado, ela consegue viver um dia de cada vez com aquele homem tão importante em sua história. 
Guilherme demonstra ser um homem fiel ao sentimento que sempre manteve por Silvia, um dono de restaurante bem-sucedido, bonito e inteligente que passou todos esses anos sonhando com o dia que poderia reencontrar seu grande amor. 
Quando isso acontece, Guilherme percebe que não pode ser mais do que seu amigo e faz isso com amor e dedicação, com o objetivo de curar Silvia dessa escuridão em que ela se encontra.
O sentimento de nostalgia é inevitável! Impossível não nos lembrarmos dos nossos amores de verão, não apenas pelos amores vividos, mas pelos pedaços nossos que ficaram em nossa história.
Um livro que nos mostra o amadurecimento de uma jovem, nos revela suas fragilidades aos 15, 16 e 17... e depois, nos mostra os conflitos de uma mulher que ousou ser feliz, mas que foi traída pelas circunstâncias. Vemos um coração ser curado, um amor que atravessa os anos e ainda se mantém forte e revigorante.
O romance entre Silvia e Guilherme nos desperta diversas emoções. Mas com certeza, a mais importante é de que como é linda a arte de amar e ser amado. Como é importante desbravar as armadilhas da vida e poder contar com um amor que não enferruja diante das tempestades. 
Apesar do livro ser sutilmente cristão, isso não atrapalha a leitura dos mais céticos. O que será ainda mais significativo e emocionante para aqueles que alimentam sua fé com dedicação e perseverança. 
A descrição das paisagens é feita com a habilidade de geógrafa da autora. A escrita é limpa e muito bem costurada, mesmo com as variações de tempo apresentadas através de capítulos curtos.
Muito mais do que um romance “água com açúcar”, um romance que revela a habilidade mais incrível que o ser humano desenvolveu ao longo de sua história, a habilidade de amar. 


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