quinta-feira, 21 de julho de 2016

Stranger Things: a série que diz muito mais do que aparenta dizer.

Impossível não maratonar essa série fofa e incrível que a Netflix fez o favor de nos presentear esta semana. Para os saudosistas, apaixonados pelos filmes dos anos 80, a série é praticamente um abraço quentinho e um beijo na testa. Temos objetos antigos, fotografia amarelada e a fonte utilizadas na ficha técnica e no slogan da série, ferramentas que nos fazem viajar no tempo. 



Enquanto você a assiste, vai se lembrar de Clube dos Cinco, Os Goonies, Poltergeist, E.T e diversas outras obras cinematográficas inesquecíveis.
A sinopse é simples. Basta dar uma busca no google que você vai encontrar vários sites e blogs falando sobre isso. Um grupo de meninos, um deles desaparece e os outros tentam desvendar esse mistério. A cada episódio você vai se questionando se a série fala sobre alienígenas, espíritos ou universos paralelos, mas não se prenda apenas a isso. Essa série fala sobre família, relações e amizade, ou ainda, o "Mundo Invertido" que as pessoas andam vivendo. 
Logo aos trinta e poucos minutos do primeiro episódio é possível perceber o que tudo aquilo estava dizendo. 
Na cena do jantar em que a família de Mike fala sobre o desaparecimento de Will, percebemos que o jogo de câmeras aponta para a falta de conexão entre eles. Só existe enquadramento de todos para mostrar como cada um olha para o seu prato, ou seja, para o seu mundo, e quando o pai é deixado sozinho degustando de sua comida que parecia ser a única coisa que importava para ele naquele momento. 



Ao decorrer da série, fica mais claro que ali ninguém se ouve, todos mentem e ninguém se preocupa com o outro. Cada um está preocupado demais com seus problemas, mergulhado em seu próprio universo. Aqueles pais não percebem tudo o que está acontecendo em sua casa.
A família de Will aponta para as mesmas falhas. 
Uma mãe que só percebe o desaparecimento do filho ao amanhecer, porque estava ocupada trabalhando para sustentar sua família. 
O irmão mais velho, que deveria estar em casa, mas não estava porque também estava trabalhando.
Se olharmos por esse lado, entendemos qual é a mensagem principal da série. Estamos todos caminhando para um lugar sombrio, onde o mundo próprio é a única coisa que importa e não conseguimos ouvir nem olhar o que acontece ao nosso redor. Estamos tão ocupados com nossos problemas, que não nos importa nada sobre o outro. Estamos caminhando para um mundo de monstros, um mundo turvo e repleto de escuridão e devemos encontrar o caminho de volta, olharmos com cuidado e sensibilidade para as pessoas que amamos, ouvir o que elas têm a dizer, sentir o que elas sentem e degustar dos momentos que transformam cada um em uma pessoa única e inesquecível! 



Fazia tempo que não assistia a uma série tão gostosa e marcante!
Corre lá e assista também!

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Dublinenses - Um Encontro

 

James Joyce nasceu em Dublin, na Irlanda, em 1882.
Abandonou o curso de Medicina para se dedicar à literatura. 
Em 1903, publicou Dublinenses e é sobre ele que falaremos nas próximas semanas. 
Dublinenses foi recusado por 40 editoras e só foi publicado 9 anos depois de ser escrito. Isso porque o autor fez questão de que nada fosse alterado na obra. E o resultado foi um presente atemporal para leitores apaixonados.
São 15 contos ambientados em Dublin. Contos que retratam o cotidiano e os costumes de um povo que luta para ter sua identidade reconhecida e livrar-se da imagem inglesa e são carregados de significados, não somente para os irlandeses que reconheceram sua cultura através da leitura, mas também para aqueles que não aceitam passar pela vida sem degustar de sua evolução. Por mais que a Dublin retratada por Joyce nos pareça quase uma personagem viva, o elemento de coesão entre os contos não é o ambiente onde todos eles perpassam, mas os estágios da vida.
Essa é a proposta de Dublinenses, nos fazer pensar no preço da maturidade, nas sombras que ela carrega e na densidade que ela nos traz. 
São histórias aleatórias, aparentemente simples, óbvias e incompletas que descrevem episódios corriqueiros de um povo no início do século XX. Mas juntas, nos fazem um convite para refletirmos sobre a vida, o amadurecimento e a linha tênue entre passado e futuro, vida e morte. 
Sentimentos complexos são descritos em uma narrativa sutil e direta. E o conjunto da obra se transforma em uma leitura inesquecível e apaixonante!


E por tudo isso, quero dividir com vocês os meus contos favoritos. 
Esta semana vamos falar sobre o segundo: Um Encontro. 
Esse conto representa a infância. 
O protagonista narra suas brincadeiras com os amigos imaginando um oeste selvagem. Porém, um dia eles se cansam do faz de conta e procuram aventuras reais. Após a desistência de um dos amigos, Mahony e nosso protagonista resolvem faltar a escola para darem um passeio até o Columbário. Quando estavam indo na direção do porto, Mahony resolve brincar de índio e com um estilingue à mão espanta algumas meninas que são salvas por dois meninos que começam a tacar pedra nos amigos. 
Após se livrarem dos atiradores, eles continuam sua jornada até chegarem ao porto de Dublin e onde admiram o cotidiano dos trabalhadores. A fumaça, a pescaria, o veleiro, as locomotivas, tudo compõe o cenário de uma cidade em desenvolvimento. E visualizar tudo aquilo faz com que os meninos sintam sua alma crescer.
“Lar e escola pareciam afastar-se de nós e sua influência apagava-se.”

A sensação que temos é que ninguém percebe aqueles meninos perambulando entre a multidão, mas eles percebem cada detalhe daqueles desconhecidos que formam o cenário perfeito para a aventura que eles procuravam. 
Quando o sol começa a desaparecer, os meninos desistem de chegar ao seu destino e encontram um homem que começa a conversar com eles. 

“Acrescentou que o período da escola era sem dúvida o mais feliz da vida e que daria tudo para ser jovem outra vez. Enquanto expressava tais sentimentos, que nos aborreciam um pouco, permanecemos em silêncio. Pôs-se então a falar de escola e de livros. Perguntou-nos se havíamos lido as poesias de Thomas Moore ou as obras de Sir Walter Scott e de Lord Lytton. Fingi ter lido todos os livros que mencionou...”

Percebemos o contraste entre juventude e velhice. A sede pela descoberta e a sede pela sabedoria. Enquanto os meninos admiravam a vida adulta e o cotidiano urbano, o homem lamentava a vida passada e saboreava a nostalgia da infância e todo o seu frescor. 
Após falar sobre as meninas e os namoros da juventude, salientando sobre os traços atraentes da feminilidade, o desconhecido se mostra amargurado. 

“O homem prosseguia o monólogo. Parecia ter esquecido seu liberalismo anterior.”

Essa amargura e dureza transmitidas pelas palavras e expressões do desconhecido assustam nosso protagonista que vai embora ao encontro do seu amigo.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

De repente 30 e as coisas que esquecemos porque não percebemos o quanto estávamos deixando para trás.


Um dia desses eu estava assistindo pela milésima vez o filme De repente 30, estrelado pela linda Jennifer Garner, no papel de Jenna Rink e Mark Ruffalo, no papel de Matt Flamhaff. Dirigido por Gary Winick, a comédia romântica foi lançada em agosto de 2004 e conta com 1 hora e 48 minutos de pura doçura e delicadeza! 
É impossível não comparar “13 Going on 30” (título original) com “Quero ser Grande” ou “Big”, e sua memorável cena do piano gigante. O filme de 1988 conta a história de Josh, que após encontrar uma máquina dos desejos em um parque de diversões, amanhece com seus 30 anos, papel interpretado por Tom Hanks. 



“Quero ser grande”, sempre esteve na minha lista de filmes favoritos e sempre tive “De repente 30” em um lugar muito especial no coração, por ser aquele filme em que nossos neurônios estão precisando de férias e você precisa de uma ajudinha para deixar a emoção fluir. 
“De repente 30” é uma versão feminina de “Quero ser grande”. O que mais gosto nesses tipos de filme, é a impossibilidade deles acontecerem na vida real. Isso nos deixa com a mente aberta para encarar a proposta e viajar naquela fantasia. Porém, a falta de compromisso com a verossimilhança não impede que as duas obras retratem sentimentos e expectativas reais de uma geração. 
Uma grande diferença divide os dois filmes. Enquanto “Quero ser grande” transporta uma criança para um corpo adulto e o mundo a sua volta continua vivendo na mesma época (Josh amanhece com seus 30 anos, mas nada mudou, criando uma confusão quando sua mãe o encontra no corpo adulto), “De repente 30” vai além, ele transporta a doce Jenna para o universo adulto. Aponta para tudo aquilo que ela deixou para trás e choca a personagem diante do tempo perdido. Seus pais estão envelhecidos, ela se transformou em uma pessoa completamente diferente daquela que ela era e isso ultrapassa as diferenças físicas. Jenna amanhece no mundo que ela mesma construiu. O emprego que ela buscou com as armas que ela quis. E é aí que abandono o “Quero ser grande” e começo a falar sobre “De repente 30”.



Falo com propriedade do assunto! Vai fazer um ano que adentrei nesse mundo supostamente balzaquiano e experimento das loucuras, doçuras e estranhezas de se viver os 30 anos. 
Em 2004, ano de lançamento de “De Repente 30”, ainda era sustentada a ideia de que 30 realmente era a idade do sucesso. Porém, a cada dia, com a briga acirrada do mercado de trabalho e a luta constante e intensa da mulher para conseguir conquistar seu espaço, 30 não é mais a idade do sucesso. Hoje em dia, o sonho de Jenna poderia ser retratado aos 40. Aos 30 eu nem sei o que quero ser ainda e não precisa me chamar de imatura, porque sei que esse é o sentimento compartilhado por muitas mulheres e homens também. 
Se antes nos bastava ter faculdade para a tão sonhada independência financeira, hoje precisamos de mais. Cursos, especializações, mestrados, doutorados... nossa vida escolar e acadêmica está cada dia mais extensa, assim, a realização profissional fica mais distante.
Sem contar que nesse mundo de facebook e whatsapp, vivido por uma juventude dividida entre revolução e conservadorismo, vivemos na era do “nada nos basta” e o sentimento de insatisfação transformou-se quase em uma entidade. 
Como disse James Joyce, “somos uma geração atormentada pelo pensamento” e olha que ele disse isso há 100 anos. Imagina agora onde compartilhamos tanto o que pensamos e temos a oportunidade de dividir em tempo real tudo o que acontece no mundo e no meu condomínio com o vizinho encrenqueiro. 
Viver os 30 anos agora é imprevisível! Não tem como sonhar com ele como Jenna sonhava. Mas é possível entender a sensação descrita pela personagem quando ela diz: “Todos nós queremos sentir alguma coisa que já esquecemos ou rejeitamos, porque não percebemos o quanto estávamos deixando para trás”.
Viver aos 30 anos é ter uma lupa em que conseguimos enxergar os mínimos detalhes do que vivemos. É como subir uma montanha bem alta e se enxergar do alto. Conseguir avistar todos os caminhos que passamos e identificar nossos sentimentos mais escondidos. Nos conhecemos melhor, passamos a reconhecer nossas lágrimas e assim, não as desperdiçamos com tanta imprudência como antes. Temos sentimentos mais honestos, porque reconhecemos de onde eles vêm. Não queremos mais usar roupas que não nos servem, apenas para corresponder às expectativas externas.


Nosso olhar carrega nossa alma, porque não perdemos mais tempo em tentar disfarçar nossos pensamentos e sentimento. Ficamos mais transparentes, o que nos torna mais quebradiças. Mas se aos 20 tentávamos nos defender das quedas, aos 30 só avaliamos se espatifar-se vai valer a pena, porque já nos acostumamos com os ciclos e com finais inevitáveis. Hoje nós só avaliamos pelo o que vale a pena morrer e não nos defendemos disso. Sabemos que nasceremos diversas vezes em uma mesma vida e por isso, selecionamos mais os momentos que dividiremos com os outros. Nos irritamos por perdermos tempo com filmes ruins, livros chatos e relacionamentos rasos. A gente quer tudo aquilo que nos torne melhor do que somos. Queremos viver entre sorrisos irresistíveis e abraços que apertam forte o suficiente para se tornarem inesquecíveis! Não nos importamos em revisitar memórias, não evitamos chorar um pouco quando nos lembramos dos que povoaram nossa vida, mas não nos contentamos apenas com isso.  
Não somos tão fatais como fomos descritas por Balzac. Já não nos basta mais carregar pintas que formam trilhas em nosso corpo, se podemos retirá-las a laser. Não queremos mais dominar nosso parceiro, queremos dividir a fatura do cartão de crédito, queremos poder dormir até mais tarde em um sábado qualquer enquanto ele dá café da manhã para as crianças, queremos poder trabalhar até tarde e comer pizza no jantar. 
Não somos tão sensuais como imaginávamos que seríamos aos 30, nem tão ingênuas quanto pensávamos que continuaríamos. Carregamos linhas na testa e um sorriso meio torto. Não disfarçamos mais nossas dores em poemas inventados e escondidos em diários decorados. 
Completar 30 anos é realmente como a brincadeira fantasiosa do filme. É de repente 30. Parece que antes, tudo nos distraía e não percebíamos toda essa fantástica fábrica de dores e prazeres que é a vida e quando nos demos conta, aterrissamos nessa montanha solitária dos 30. Podemos ver tudo o que vivemos do alto e fazemos questão de prestar bastante atenção na nossa trajetória a partir de agora. Observamos os pequenos sinais do nosso corpo, os saltos e apertos do peito e a paisagem a nossa volta. 
Procuramos resgatar a doçura e a delicadeza que deixamos pelo caminho e aprendemos a rir da vida e do tempo. Queremos nos lembrar de tudo o que era bom, para não nos perdermos em nós mesmas.
Os “All Stars” acabaram com a minha vontade de viver sobre saltos altos, não aprendi a carregar guarda-chuvas nem casaco nos dias cinzentos e vivo pegando sereno e temporais pelo caminho. Não sei qual é meu prato favorito, porque me permito experimentar novos gostos sem medo de surpresas. Não sei de muita coisa como achei que saberia. 
Ter 30 anos é observar a sua vida e perceber tudo aquilo que estamos deixando e decidir entre ousar seguir em frente ou ter coragem de voltar e recolher o que queremos resgatar dos caminhos que deixamos para trás. 



domingo, 29 de maio de 2016

Sentimentos Literários - Maus (Art Spiegelman)

Fala, povo! Estou sumida, mas prometo que volto logo!
Vim dividir com você os Sentimentos Literários de um livro muito especial!
Precisei lê-lo para fazer um debate do Clube Literário Palavras ao Vento na 4º Feira Literária de Valença, que começa no dia 02/06 e vai até o dia 05/06.
O debate será dia 04/06 às 20:00. Estão todos convidados!
Para quem quiser ficar de olho na programação da #FLIVA2016, Clique Aqui!

Mas vamos falar de Maus agora!
Confesso que fiquei bem abalada com a leitura.
Por mais que eu esteja tentando não me envolver tanto com as coisas que leio, esta foi inevitável!
Primeiro porque não era uma ficção, depois porque não era uma biografia convencional e por fim porque tratava do Holocausto. 
Terminei a leitura e fiquei alguns dias ainda sentindo aquele mundo sombrio dentro de mim!
Enfim... foi o terror retratado pelos quadrinhos!
Fiquem com a resenha:



A Edição “História Completa” de Maus, foi lançada em 2013 pela Companhia das Letras, mas a HQ teve sua primeira parte publicada em 1986 e a segunda em 1991.
Vencedor do Prêmio Pulitzer, trata-se de um clássico contemporâneo das Histórias em Quadrinhos. Maus nos traz a história dentro da história, onde o autor Art Spiegelman nos apresenta todo o processo de desenvolvimento da escrita da história real de seu pai Vladek, um judeu sobrevivente do horror da Segunda Guerra Mundial. Retratando uma convivência cheia de traumas e culpas, o autor usa a arte em quadrinhos para nos mostrar algo que seria insuportável se se apresentasse de outra maneira.
Representar as diferentes nacionalidades através de animais, também foi uma forma de promover um distanciamento entre a história e o leitor. O relacionamento delicado entre pai e filho é marcado pelas manias insuportáveis de Vladek, que só sobreviveu graças a sua habilidade de negociação, sua cautela e paciência nos momentos mais sombrios. 
Como se não bastasse enfrentar Auschwitz, Vladek ainda perdeu um filho de 6 anos na guerra e Anja, seu grande amor, mãe de Art, que não conseguiu superar seus medos e traumas e já sendo vítima de uma depressão antes da guerra começar, acaba por se suicidar em maio de 1968, quando Art tinha seus 20 anos. 


Enquanto Vladek demostra ser um idoso metódico, pragmático, pão-duro, racista e completamente afetado pela guerra, Art demonstra ser um homem impaciente que carrega a culpa por ter sido fruto de um pós-guerra e não ter vivido o horror que seus pais e seu irmão falecido viveram. Além disso, parece carregar uma certa revolta pela fraqueza de sua mãe. 
O pai do autor descreve cenas brutais com absoluta naturalidade. Cenas como judeus sendo arremessados contra a parede para pararem de reclamar, alimentar-se de madeira para driblar a fome, trens com corpos empilhados misturados com vivos que esperam o mesmo fim... em alguns momentos algumas cenas podem nos causar tanto desconforto que acabamos por interromper a leitura.


Vladek descreve como eram as câmaras de gás, um episódio bem peculiar que dificilmente algum judeu sobreviveu para contar, mas que ele explica ter desmontado tudo a mando dos Alemães que começavam a se apavorar com a possível da aproximação dos Russos. 
Por mais que pareça que o Art tentou criar uma atmosfera neutra para que a leitura se torne suportável, ficamos extremamente sensibilizados! Vemos que apesar de sobreviverem fisicamente a todas aquelas atrocidades, emocionalmente nem Anja, nem Vladek saíram dos campos de concentração. Trata-se de uma família que definhou mesmo após o horror ter terminado. O amor não foi antídoto suficiente para que aqueles seres humanos continuassem se enxergando como seres humanos. Perderam a fé na sua própria raça, não viam mais humanos por baixo das fardas que os torturavam. Não se reconheciam como humanos, passaram a se ver como ratos. Enfim, eram todos animais. 

P.S.: Apesar das diversas interpretações que podemos encontrar, o título Maus foi escolhido porque significa Mouse em Alemão. Além disso, os Nazistas representavam os judeus como ratos. 

A ideia de falar sobre esse livro na Feira Literária de Valença, veio de um vídeo que achei no youtube e mais tarde, descobrir ser de um Canal de uma menina da minha cidade.
Adorei o canal e trouxe ele pra vocês conhecerem também.





sexta-feira, 22 de abril de 2016

Conhecendo Harry (Parte IV) ... e o Cálice de Fogo





Após nos deliciarmos com 3 livros de aventuras, O Cálice de Fogo chega para marcar a transição, não apenas do amadurecimento gradativo de nosso bruxo que se torna adolescente, mas também de uma história que vai se tornando cada vez mais sombria.
Começamos eufóricos com a copa de quadribol, onde Harry e Hermione vão com a família de Rony para o evento. A partir daí coisas estranhas começam a acontecer.
Ao chegar em Hogwarts, os alunos se deparam com uma novidade. A escola vai sediar o torneio tribruxo, um torneio que não ocorre há muitos anos devido ao seu alto grau de periculosidade.
Duas escolas são convidadas para passarem o ano letivo em Hogwarts e participarem do torneio que reserva ao cálice de fogo a função de escolher 1 bruxo de cada uma das 3 escolas que participarão.
Cedrico foi o escolhido de Hogwarts, mas Harry também foi.
Inicia-se mais um grande problema para Harry que precisa lidar com as suspeitas de todos os alunos de que ele tenha alterado as regras do torneio.
Assim, excepcionalmente, o torneiro tribruxo será disputado não apenas por 3 bruxos, mas por 4.
Com uma pegada bem mais política, O Cálice de Fogo começa a nos apresentar a manipulação das informações que deverão chegar ao povo.
Voldemort consegue finalmente um corpo e Harry vivencia uma das cenas mais sombrias até agora.
Um livro cheio de surpresas e que nos deixa extremamente envolvidos e curiosos sobre a verdadeira história de Harry Potter.


Procure o que me basta!



Dizem que nossa racionalidade é dominada por nossos hormônios. 
Nos tiraram, por tempo demais, o direito da fala. 
Usurparam nossa possibilidade de nos comunicar.
As mulheres que falavam, ou que lutavam para serem ouvidas, eram encaradas como loucas e muitas vezes eram trancafiadas em manicômios porque fugiam do senso comum. 
O ideal de humanidade procura por um padrão onde os homens são criados para viverem na esfera pública, enquanto as mulheres devem se contentar com o sucesso da vida familiar.  
Se ousamos sair do ninho, nos pesa a responsabilidade do sucesso total em todos os âmbitos de nossas vidas! É preciso ser boa profissional, excelente dona de casa, mãe exemplar e estar bem maquiada e com a progressiva em dia. 
Querido, olhe bem para mim! Procure o que me basta! Porque não me basta cuidar da roupa e nem da gordura encrostada no armário da cozinha! 
Também não me basta estar 15 quilos mais magra. 
Não me satisfaço com as maquiagens à prova d'água e nem os saltos altos estilo agulha.
Nem sempre sou bela, há dias que não quero nem pentear os cabelos, deixo o esmalte descascar por pura preguiça e vivo me esquecendo de fazer as sobrancelhas. 
Dificilmente sou recatada, tenho uma risada exagerada, falo palavrões monstruosos e costumo chamar as pessoas de "cara" na maior parte do dia.
Não sou "do lar", eu sou do mundo! Eu sou de onde eu quiser!
Tenho sempre um chiclete sem açúcar na bolsa e um par de sapatos de saltos no carro, enquanto dirijo de sapatilha.
Adoro ver as crianças felizes e me sinto menos angustiada quando as vejo alimentadas, de banho tomado ou sorrindo enquanto voltamos da escola. Mas isso não me basta!
Também não me basta o marido que me ajuda! Quero um cara que luta comigo, que me olhe nos olhos do mesmo degrau em que me encontro. Que não veja fragilidade em minhas lágrimas, mas que as reconheça como uma forma de audácia.
Quero alguém que me conforte, mas que se sinta feliz em se sentir confortado por mim. 
Não me basta o peito disponível nas horas difíceis. Quero os risos sinceros, as vitórias comemoradas com taças de vinho e uma transa bem feita no final da noite!
Não me contento em dar prazer, sinto-me excitada quando o proporciono, mas o seu gozo não substitui o meu.
Não aceito os olhares questionadores que me julgam e se mostram insatisfeitos com meu comportamento, como se minha conduta fosse sempre inadequada e que talvez, eu não tivesse o direito de existir.
Não me submeto a essas regras insanas de uma sociedade supostamente defensora que usa seu poder de disciplinar, para justificar seu poder em oprimir. Leis e normas que enxergam a cultura como um fato mais biológico do que social. 
Sou mulher e minha feminilidade é regulada e financiada por uma cultura que não me enxerga com plenitude e me limita, porque não sou apenas feminina. Sou bem mais do que isso.
A automatização do sistema de poder sustenta um olhar hierárquico que é produzido e mantido pelas relações. Nossas relações possuem uma função básica em nosso contexto social: disciplinar o pensamento e o corpo. 
Isso jamais me bastaria! Do meu corpo e dos meus pensamentos, cuido eu!
Ainda serei por muito tempo louca e desequilibrada, mas sei que, algum dia, as outras que virão serão respeitadas e terão o direito de experimentarem todos os movimentos da vida de forma consciente e intensa!
Luto por mim e luto por elas!
Guardo sonhos e vejo possibilidades!
Sei que algum dia seremos reconhecidas pelas nossas singularidades e não pela nossa sexualidade!
Não me basta ser a louca, nem a bela, menos ainda a recata e a do lar.
Sou mais do que isso! 
Tenho o direito de existir, de questionar e de sonhar! 
Eu tenho o mundo dentro de mim e me vejo conquistando o mundo aqui fora. 
Por isso, querido, olhe bem para mim! Procure o que me basta!



terça-feira, 19 de abril de 2016

Pocket FLIVA 2016


Fala, galera!
Hoje quero mostrar para vocês um projeto incrível que está rolando em Valença, é o Pocket FLIVA.
Esse projeto visa a promoção da literatura dentro das escolas.

Vamos falar da FLIVA...
Em outubro de 2013, tivemos a primeira edição da Feira Literária de Valença. Depois disso, a cidade se une para promover esse evento tão bacana e importante.
Este ano a FLIVA será em Junho. Nos dias 02, 03, 04 e 05 de Junho, diversas atrações ligadas ao universo literário se reunirão para levar a cultura para todos.
Uma novidade é que em 2016, a FLIVA terá um espaço ainda maior para as escolas e por isso, com o intuito de aproximar estudantes e Feira, resolvemos criar o Pocket FLIVA, ou seja, um pedacinho da Feira irá para dentro das escolas, para que as escolas possam levar um pedacinho delas para dentro da Feira.

Pocket FLIVA...
No dia 05 de Abril, esse projeto teve sua primeira edição em uma escola municipal, a Escola Municipal Nossa Senhora Aparecida. Coincidentemente, o meu colégio do coração! Estudei ali por 10 anos e foi o lugar onde tive todo o incentivo cultural que precisava. Foi bem emocionante reencontrar ex professores e conversar com aqueles alunos pensando que um dia estive entre eles.
Além de brincadeiras, bate-papo com autores, entrevista com alunos e a diretora e distribuição de livros, o evento levou boa música que ficou por conta da Escola de Música CataVento.
Além da CataVento, o Pocket Fliva tem o apoio da Cia do Livro, da AssCom Valença e da Interagir Editora.

Deem uma olhada nas fotos e preparem-se para Fliva!